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mecanismo   de   ação

    Dor é uma sensação que todos já sentimos e conhecemos, no entanto a dor é algo muito relativo, que varia de indivíduo para indivíduo e que depende da sensibilidade e experiências vivenciadas por cada um. Pode ser descrita como uma experiência sensitiva e emocional desagradável, que está associada a dano ou a potencial lesão tecidual.

   Apesar de desagradável, a dor é uma manifestação característica dos mecanismos normais de proteção do organismo contra agressões sofridas. Este mecanismo é designado por nocicepção ou algesia e trata-se do mecanismo pelo qual os estímulos nocivos periféricos são transmitidos ao sistema nervoso central, onde são interpretados como dor. [1]
   

   Por isso quando sofremos algum tipo de estímulo nocivo o corpo reage no sentido de combater a dor. 

  O nosso organismo possui várias estratégias de combate à dor, uma delas é a produção de opióides, designados de opióides endógenos, como por exemplo as endorfinas. Estes opióides ligam-se aos diferentes recetores opióides e exercem ações como a modulação da dor, sensação de bem-estar e euforia.

   Outra classe de substâncias importantes são as monoaminas como a serotonina e a noradrenalina que são encontradas nas vias descendentes. Estas vias são responsáveis pela modulação e alívio da dor e dependem da transmissão monoaminérgica.   

   Por isso fármacos que possuam propriedades opióides ou que potencializem os efeitos centrais das monoaminas podem ser adjuvantes eficientes que reforçam os efeitos destas vias e provocam o alívio da dor. [2][3]

Tramadol

Fig.2: Mecanismo de ação do Tramadol. (esquema adaptado de "The role of tramadol in current treatment strategies for musculoskeletal pain") [3]

     Os recetores opióides estão presentes em todo o sistema nervoso e encontram-se acoplados aos recetores da    proteína G, que funciona como reguladora da atividade sinática. [3][4]

    Quando o Tramadol ou o seu metabolito O-desmetiltramadol (M1) se ligam aos recetores opióides µ provoca a ativação da  proteína G que desencadeia uma cascata de eventos, tais como:

       - Fecho dos canais de cálcio dependentes de voltagem;

       - Inibição da adenilato ciclase, que leva à diminuição do AMPc intracelular e consequentemente à inibição da                           libertação de neurotransmissores nociceptivos; 

       - Estimulação do efluxo de potássio provocando uma hiperpolarição celular. [3][4][5]

   Todos estes efeitos têm como resultado final a diminuição da excitabilidade neuronal o que provoca a redução da neurotransmissão de impulsos nociceptivos. [3][4][5]

  No entanto, o mecanismo que mais contribui para o seu efeito analgésico é a potenciação da transmissão serotoninérgica e inibição da recaptação da noradrenalina. 

   Nas vias descendentes, que são responsáveis pelo alívio da dor, os dois enantiómeros do Tramadol ligam-se aos recetores e desencadeiam diferentes ações. [3][4][5]

    Enquanto que o enantiómero (+)-Tramadol tem maior afinidade para o receptor µ e inibe preferencialmente a recaptação da serotonina aumentando os seus níveis na fenda sinática, o enantiómero (-)-Tramadol estimula os recetores adrenérgicos α2 provocando, preferencialmente, a inibição da recaptação da noradrenalina.[3][4][5]

     O Tramadol possui assim um duplo mecanismo de ação que leva ao alívio da dor e provoca sensação de bem-estar e conforto. [3][4][5]

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1]Ribeiro Sobrinho, José Brenha. "Dor: aspectos fisiopatológicos." Acta fisiátrica 2.1 (1995): 27-30.

[2]Dr. Mahesh Trivedi, Dr. Shafee Shaikh, Dr. Carl Gwinnutt. FARMACOLOGIA DOS OPIÓIDES (PARTE 1). TUTORIAL DE ANESTESIA DA SEMANA.  Page 1 of 5. Sociedade brasileira de anestesiologia. Departamento de Anestesia, Hospital Hope, Salford, UK. Disponível em http://tutoriaisdeanestesia.paginas.ufsc.br/files/2013/05/Farmacologia-dos-opi%C3%B3ides-parte-1.pdf Acedido em 23 de Maio de 2016

[3] Schug, S. A. (2007). The role of tramadol in current treatment strategies for musculoskeletal pain.Therapeutics and clinical risk management, 3(5), 717.

[4] Kaye, A. D. (2015). Tramadol, Pharmacology, Side Effects, and Serotonin Syndrome: A Review. Pain physician, 18, 395-400.

[5] DRUGBANK, Tramadol. Disponível em http://www.drugbank.ca/drugs/DB00193 Acedido em 23 de Maio de 2016   

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